Take
three – Maria João Lopo de Carvalho
Quando me telefonaram a dizer que se ia criar a dupla mais
improvável possível, fiquei alarmada… Conhecia o nome da Mª João, mas
desconhecia completamente a pessoa. Desconhecia também a sua escrita, uma falha
grave. Assim que li A Melhor Mãe do Mundo, percebi quem era. Gostei do humor,
da leveza, da escrita atrevida. As dúvidas diminuíam à mesma velocidade do
entusiasmo que crescia. A proposta da Mª João era uma colecção sobre uma
família com muitos filhos, coisa que tanto eu como ela não tínhamos – e assim
nasceram os 7 irmãos.
Claro que, o meu pânico de escrever a par, mantinha-se…
Agora não estávamos a falar de contos numa obra a quatro mãos, estávamos a
falar de romances juvenis escritos por duas pessoas.
O almoço em que nos conhecemos foi memorável. Olhámos uma
para a outra e devemos ter pensado: isto não pode funcionar! Eu, a baldas, de
calças de ganga e mochila, ela, a senhora, interessante e bem arranjada; eu, a
tímida, ela, um vulcão. Lembro-me de ter dormido mal na véspera da primeira
reunião de trabalho; lembro-me das dores de estômago quando lhe enviei o
primeiro capítulo; lembro-me da estupefacção ao ouvi-la dizer: “É mesmo isto!
Vou escrever o meu, já te mando…”.
Aplicámos a técnica já aprendida: planear, dividir e
escrever cada uma a sua parte. Eu sou mais de planear, a Mª João mais de
arriscar (e bem); eu sou mais introspectiva, a Mª João muito mais imaginativa;
eu trato do equilíbrio geral, a Mª João transforma o livro num emaranhado de
peripécias irresistíveis; concluindo – fizemos de facto uma dupla improvável
que funciona mesmo. Até hoje, não houve um único prazo estabelecido que tenha
sido desrespeitado – pelo contrário, antecipamos sempre tudo, e isso diverte-nos.
Escrever com a Mª João é simples, pois ela é uma pessoa de
uma humildade e sinceridade invulgares, de uma constante procura pela qualidade
e importância do que escreve, já para não falar na criatividade do que produz.
Quando não gostamos de alguma coisa dizemos, e tudo se resolve num ápice.
Quando nos comovemos, rimo-nos das lágrimas traiçoeiras. E quando recebemos,
como tem sido constante desde o arranque da colecção, mensagens de leitores que
descobriram a leitura com os 7 irmãos, celebramos juntas.
Ganhei também uma amiga – ainda bem que nos conhecemos!
Penso que crescemos juntas neste processo e que aprendemos muito uma com a
outra. E não se iludam – se os 7 irmãos têm a força que têm, a maior
responsabilidade está do lado da Mª João, sempre incansável, atenta e activa…
Um vulcão, lá está.
Estou desejosa de ler o romance que vai publicar em Outubro,
Marquesa de Alorna – trabalhou sem
descanso, com um cuidado extremo e uma ligação à história que queria contar.
Sei, pelo que conheço da sua forma de estar na vida, que encontrarei uma
história muito bem contada e cheia de emoção.

Comentários
Claro que a parceria só podia resultar e muito bem! Muitas aventuras!!!
Beijinho
Um grande beijinho